segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

O pecado da cobiça



Esse tem sido o motivo de muitas orações em busca do auxílio divino.

O texto de Tiago 4.1-3 diz que aqueles crentes não conseguiam o que cobiçavam. Então, pediam que Deus atendesse à cobiça de seus corações.  Portanto, pode haver uma “espiritualização” da cobiça, que acaba fornecendo muito assunto para as orações.
Além  dessa tendência individual, ainda existem pregadores que estimulam a cobiça das pessoas por meio de suas mensagens, como se todos devessem correr atrás de sonhos materiais indefinidamente e buscando ajuda de Deus para sua realização.  A Bíblia tem sido usada como estimulante da cobiça muito mais do que incentivo ao crescimento espiritual. Será que Deus quer que todos os cristãos sejam ricos, grandes empresários, donos de carros de luxo e jatinhos particulares?  Nada disso é prioridade para Deus. Se ele quiser nos dar, tudo bem, mas o mais importante é que nos apliquemos a buscar o seu Reino e não estas coisas.
Jesus pregou a renúncia das coisas terrenas e a busca dos valores celestiais, mas hoje muitas pregações sobre prosperidade favorecem apenas o crescimento da ambição e do materialismo. Estamos assistindo a influência da cobiça na elaboração da doutrina, conforme previu o apóstolo Paulo (2Tm 4.3).
Maná ou carne?
Deus deu maná ao povo de Israel no deserto, mas eles queriam carne, peixe, cebola, pepino, alho e melões. Foram dominados pela cobiça de tal forma que começaram a murmurar e chorar (Nm 11.1-13). Deus ficou indignado com eles.
Estavam caminhando para Canaã, terra que mana leite e mel, onde comeriam de tudo, mas não estavam dispostos a esperar. Outra característica da cobiça é desejar antes do tempo, seja comida, sexo, dinheiro, poder etc.
Eles clamaram ao Senhor para satisfazerem à sua cobiça. Embora lhes tenha atendido, enviando codornizes, Deus se irou contra aquele povo e matou muitos entre eles no lugar que ficou conhecido como Quibrote-Taavá, que significa “sepulcro da concupiscência” (Nm 11.31-35).
A este respeito, o apóstolo Paulo escreveu:  “Não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram.” (1Co 10.6.)
Mas vamos refletir: carne, peixe, cebola, pepino, alho e melões são coisas más?  Tudo o que desejamos fora do propósito de Deus ou fora do tempo é mal e nos fará mal, se obtivermos.
Os israelitas no deserto tinham o maná diariamente, mas queriam outras coisas. A cobiça nos faz desvalorizar o que temos e desejar ardentemente o que não possuímos.
A essência de tudo isso é a falta de domínio próprio. Precisamos estabelecer limites para a satisfação de desejos em nossas vidas. Aquele que se entrega à cobiça nunca ficará satisfeito com coisa alguma. Assim, viverá trocando de esposa ou marido, buscando mais dinheiro e vivendo na ansiedade. É como correr atrás do vento (Ec 6.9), sem possibilidade de alcançá-lo ou retê-lo.
Busquemos a satisfação das nossas necessidades, mas não nos entreguemos a conquistas sem limites. Lembremo-nos de que todos os bens materiais serão perdidos um dia, pois nada levaremos conosco.
“Porque nada trouxemos para este mundo, e nada podemos daqui levar; tendo, porém, alimento e vestuário, estejamos com isso contentes. Mas os que querem tornar-se ricos caem em tentação e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, as quais submergem os homens na ruína e na perdição. Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a constância, a mansidão.” (1Tm.6.7-11.)
Devemos possuir apenas aquilo que pudermos usufruir. Se tivermos um pouco mais, devemos ser gratos a Deus e benevolentes com os necessitados (1Tm 6.17-18). 
O desejo é a fonte do bem e do mal. A diferença está na natureza do objeto, na licitude e no controle.
Outros exemplos bíblicos da cobiça e seus efeitos: Adão e Eva (Gn 3); Coré, Datã e Abirão (Nm 16); Acã (Js 7.21);  Balaão (Nm 24; 2Pe 2.15); os filhos de Eli (1Sm 2.12-17); Davi (2Sm 11); Amnom (2Sm.13); Judas Iscariotes (Mt 26.15). Outras referências sobre o tema: Pv 1.19; 15.27; 6.25; 21.26; Ec 6.7, 6.9.

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